Encanto, feitiço e uma excelente oportunidade
de negócios motivaram um empresário a comprar, um enorme orquidário, na estrada
da Ilha, no distrito de Pirabeiraba, em Joinville. Jamel Auada, 43 anos, estava
decidido a adquirir um espaço, apenas para descanso e lazer, quando descobriu a
Chácara Sant'ana e o
tesouro que ela abrigava embaixo de lonas escuras. Ex-fazendeiro, no Mato
Grosso, onde nasceu, ele sempre teve ligação com coisas da terra. De férias em
Foz de Iguaçu, no Paraná, decidiu com a mulher que queria ser dono daquele
orquidário. Depois de muita negociação, o desejo foi realizado e hoje Jamel
administra dez funcionários, num espaço de 60 mil metros quadrados e mais de um
milhão de flores.
O nome que Jamel deu ao
novo empreendimento é Caiana.com. Certo do bom negócio que fez, ele deve
organizar e aumentar espaço físico da chácara, que hoje conta um pequeno
escritório, uma estufa com 15 mil matrizes e um berçário. Até o final de maio,
quando um laboratório e uma outra estufa já estarão prontas, deve começar o
comércio das orquídeas, inclusive no mercado externo. O local estava
praticamente abandonado quando Jamel decidiu comprá-lo e hoje as plantas não
estão catalogadas. Esse trabalho deve ser feito em breve.
Jamel sempre teve atração
especial por plantas e ganhou por três vezes um concurso da Festa das Flores,
realizada em Joinville. "Mas não sou um colecionador. Aqui sou um produtor
rural", esclarece. Jamel confessa estar apaixonado pelo local e acredita que em
menos do seis anos abandone o conforto da sua casa para viver em Pirabeiraba.
"Esse lugar tem um feitiço, um ar diferente", fala. Foi também motivado por uma
paixão parecida que Jamel chegou a Joinville, em 1997. "Estava de passagem por
aqui, indo para Itapema. Mas o amor foi à primeira vista", conta. Na época, ele
e a família já estavam pensando em sair no Mato Grosso, mas nem imaginavam morar
em Santa Catarina. "Achei que iria para Ouro Preto, para Londrina ou para
Curitiba. Mas não resisti e, em três meses, decidi vir pra cá", lembra.
Aos poucos, Jamel e a
mulher, que está trabalhando direto com as orquídeas, vão aprendendo as
peculiaridades de como cultivar as flores. Em palestras e cursos, descobrem
técnicas novas e os custos de cada espécie. "Tenho mais de 200 tipos de matrizes
aqui, que chegam a custar até R$ 6 mil", afirma.
O homem que aos 11 anos
ficou órfão de pai e mãe precisou se desdobrar para sustentar os três irmãos
mais novos. Foi office boy e mensageiro e, aos 16 anos, recebia uma pensão do
INSS e mais um salário mínimo, da universidade onde trabalhava. Hoje, além do
orquidário, é dono também de uma factoring. O homem de fala simples e projetos grandes não esconde
o segredo do sucesso. "Ele é baseado apenas em muito trabalho e pulso forte".